Ao se deparar com as palavras apologética e criança, talvez você se sinta confuso afinal, o que uma palavra tão pouco falada e de significado desconhecido pode ter em comum com o universo infantil que parece tão conhecido e simples?
Primeiro, vamos entender um pouco melhor do desenvolvimento infantil. Muitos educadores das classes de crianças, especialmente os que não têm formação secular na área, têm a ideia de que basta ensinar histórias bíblicas para os alunos e eles, automaticamente, apreenderão todos os conceitos implícitos na narrativa. A verdade é que somos especialistas em formar contadores de histórias, mas que na prática não compreendem as verdades bíblicas e, ao serem confrontados na fé ao longo da vida, desanimam de seguir a Jesus.
Crianças precisam de recursos específicos para cada fase do seu desenvolvimento, a fim de que cada nova coisa ensinada, possa ser compreensível. Com esse princípio em mente já podemos entender que ensinar os pequenos não é tão simples como parece. É necessário que o educador esteja munido das ferramentas certas, aptas para cada etapa do crescimento mental, físico, social, cognitivo e emocional da criança, pois somente assim ajudará a promover um desenvolvimento espiritual coerente e adequado.
A importância da apologética no ensino infantil é justamente permitir à criança uma compreensão dos preceitos bíblicos, com conexões que dão sentido ao que ouve e aprende. Para exemplificar, usaremos a conhecida história de Davi e Golias. Podemos simplesmente narrar a história e no seu imaginário, o pequeno aluno idealizará aquilo como um conto, algo tão fora da realidade que, com o passar dos anos, ficará guardado num canto da memória como algo fantasioso e sem função relevante. Por outro lado, se o professor, dentro da necessidade de cada faixa etária, trouxer evidências científicas, pesquisas, mapas, histórias complementares de um povo denominado anequim e descobertas de ossadas gigantes mundo afora, aquilo que até então era apenas uma narrativa bíblica, passa a ter valor real.
O apóstolo João é mestre na apologética cristã. Ele começa o evangelho de seu nome dizendo: No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus.
Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1.1,14
Na primeira carta de João, ele traz um Jesus tão real, que é capaz de afirmar aos seus leitores que Ele foi visto, ouvido e apalpado. Desse Cristo que de fato esteve no meio deles, João dá testemunho: O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada. 1 João 1:1,2
Para complementar sua profunda experiência de fé, em Apocalipse ele declara aquilo que crê e que tem convicção de que no futuro se manifestará: Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer. Ele enviou o seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João, que dá testemunho de tudo o que viu, isto é, a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo.
Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todos os povos da terra se lamentarão por causa dele. Assim será! Amém. Apocalipse 1:1-3,7
João reafirmou a vinda carnal de Jesus a este mundo lembrando, contudo, que Ele também é divino e que estava com Deus desde a fundação do mundo, mas tendo voltado para o Pai, um dia retornará aos Seus. Quem pode contestar palavras tão cheias de convicção e experiência pessoal? É justamente esse tipo de conexão que precisamos trazer para nossas crianças, para que cresçam com uma fé consciente e firme, caso contrário, serão adultos incapazes de responder às investidas do mundo.
A pergunta é: Temos que ser profundos estudiosos da Bíblia para preparar nossos alunos?
Ter conhecimento bíblico é fundamental sim, mas é essencial que entendamos o motivo pelo qual servimos ao Deus Único e seguimos Jesus. Memorizar textos bíblicos ou narrar muito bem histórias, não nos torna conhecedores ou praticantes da Palavra, muito menos aptos a defender a fé na qual baseamos nossa vida.
Precisamos fazer as conexões, construir as pontes para que, aquilo que parece tão louco e sem sentido para o mundo, seja verdadeiro e real para nós. Não se trata de racionalizar a fé, mas de dar sentido a ela, com um conhecimento consciente e significativo de que toda a obra divina e sobrenatural passa por seres humanos e foi planejada para nós, seres humanos.
Pedro, homem que teve que experimentar o evangelho de modo profundo e contundente, ensinou: Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. 1 Pedro 3.15.
E agora, você continuará apenas repetindo narrativas ou mergulhará no conhecimento que é capaz de trazer salvação e transformar vidas? Conforme a Bíblia nos revela, é melhor ensinar a criança para que, ao crescer, ela esteja firme no caminho que leva à vida eterna (Pv 22.6).
Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra. “ Oséias 6.3