Nesta época do ano, nos vemos cercados pela doçura da Páscoa. É uma variedade imensa de coelhos e ovos de diversos tamanhos – todos moldados no mais nobre doce da confeitaria: o irresistível chocolate!
Então, quando pensamos em Páscoa, o que vem em nossa memória? O coelho ou o cordeiro?
Dentre todas as comemorações que conhecemos, nenhuma se compara ao seu grau de importância tanto para os judeus quanto para os cristãos. Para o povo judeu é a Pessach – palavra hebraica que significa passagem – o memorial do dia em que Deus os libertou da escravidão do Egito. E para os cristãos, a lembrança do calvário, morte e ressurreição de Cristo.
Em ambos os casos temos a figura de um cordeiro sacrificial, ou seja, aquele que morre no lugar de alguém.
Mas, apesar de se tratar de um memorial tão célebre e que ultrapassa gerações, a Páscoa moderna, acrescenta para esta celebração a figura do coelho – o Coelho da Páscoa! E com ele os ovos que, mais tarde se tornaram de chocolate pelos franceses.
Algumas teorias tentam, em vão dar sentido à essa associação tão distante do seu verdadeiro significado e uma delas vem da cultura pagã germânica que associa a imagem do coelho à deusa da fertilidade Ostera. A partir daí, a Páscoa infantilizada do coelhinho, que esconde seus ovos para serem encontrados pelas crianças, como uma brincadeira divertida e familiar, passa a ganhar destaque nesta comemoração.
O que não podemos deixar de refletir é que essa consolidação, que ocorre no século XIX, se dá paralelo às mudanças pedagógicas de ensino, em que a infância passa a ser considerada como parte fundamental da formação do indivíduo.
O alemão pedagogo Friedrich Fröbel, criou os primeiros segmentos educacionais voltados para as crianças. Baseado na visão do pedagogo suíço Johann H. Pestalozzi, que comparava as crianças como uma semente, Fröbel criou os jardins de infância e adotou uma forma lúdica ao ensino: brincar e aprender como ferramenta pedagógica.
A Páscoa do coelho voltada principalmente para o público infantil, de uma forma fofa, feliz e divertida, tenta (ainda que muito sutilmente) desviar a atenção da mensagem da cruz.
Interessante perceber que apesar da imagem do coelho estar associada à fertilidade, pelo fato de gerar um número grande de ninhada em uma só gestação, ele distribui ovos! De uma forma egoísta de se ver, o coelho guarda sua ninhada e distribui ovos que não lhe pertencem! Muitas crianças se surpreenderão ao descobrir que o coelho não coloca ovos.
Portanto, ao compartilharmos com essa ideia, que vai muito além do que atender a um apelo das vendas comerciais, damos continuidade ao coelho!
De fato, a imagem do cordeiro está associada a dor e ao sofrimento, porque é o símbolo de Jesus no Antigo Testamento. O profeta Isaías descreve de forma esplêndida e única todo o sofrimento do calvário (Isaías 53:4-12). Mas é nesse cenário de sacrifício, dor e morte em que o que Deus revela ao homem seu grande amor, um amor tal que não se pode medir, que não cabe no peito. Ele entrega seu único filho, simbolizado pelo cordeiro, para que na sua morte e ressurreição tivéssemos a verdadeira paz e alcançássemos a vida eterna (João 3.16).
No cordeiro, vemos Cristo;
Na cruz vemos o holocausto – lugar onde o cordeiro foi sacrificado em nosso lugar e seu sangue derramado para perdoar os nossos pecados e o véu rasgado nos dando o livre acesso ao Pai;
No túmulo a ressurreição, onde a morte foi derrotada e nos deu garantiu a vida eterna;
Desta forma a Páscoa do cordeiro sobrepõe as demais, porque nela está a verdadeira expressão de amor e vida porque Cristo se entregou por nós!